domingo, 7 de setembro de 2014

AS MULHERES DE EÇA

por Adirene Morais

Introdução: Eça de Queirós é feroz inimigo da mediocridade que assola sua época, quer no ambiente social-burguês, em que a falsidade, o mau-caratismo, a avareza e a infidelidade ocupam espaços privilegiados, quer no catolicismo, constituído por um clero excêntrico, formador de ideologias repressivas. Ao trabalhar o adultério, enfatiza suas críticas às instituições e a moral da época.

Objetivo: Este trabalho tem por objetivo refletir sobre o universo feminino nas obras de Eça de Queirós.

Desenvolvimento: Luisa (O Primo Basílio) é a personagem feminina mais desenvolvida por Eça, e que melhor ilustra o tema do adultério. É uma mulher romântica, sonhadora e frágil. Durante a trama, Luísa reencontra o primo Basílio, de quem fora noiva no passado e é convencida por ele a trair o marido, sob a alegação de que estava na moda as mulheres terem um amante. O relacionamento só traz tribulações que lhe roubarão a alegria, quando chantageada pela empregada, que descobre seu envolvimento proibido. Morre de desgosto e remorso. Porém, Basílio sequer estremece com a morte da prima, lamentando apenas por ter perdido uma de suas conquistas. Amélia (O Crime do Padre Amaro) é a personagem mais bem desenvolvida no seu aspecto psicológico. É o resultado trágico de uma formação num meio provinciano e atrasado, centrado em torno do poder eclesiástico. A sua casa é um centro de convivência dos poderosos e amorais sacerdotes da sociedade portuguesa. Aos vinte e três anos, linda e muito desejada, é romântica e sensual. Apaixona-se por Padre Amaro, hóspede da pensão de sua mãe e entrega-se á ele. Grávida, morre no parto e Amaro entrega a criança á uma tecedeira de anjos que a mata também.

Maria Eduarda (Os Maias) é a personagem que Eça menos desenvolveu em termos psicológicos, é mais um modelo perfeito de mulher do século XIX. Era bela e vivia ao lado de um brasileiro. Ao voltar para Lisboa conhece Carlos da Maia, torna-se sua amante, mantendo sem saber, uma relação incestuosa. Protagonizam várias cenas de adultério.

Pode-se dizer através dos comentários acima que Luísa e Amélia, são modelos do tipo feminino do interior de Portugal; ambas foram construídas como figuras portadoras de culpa que, ao contrário de seus amantes acabaram castigadas e punidas com a morte. Maria Eduarda mostrada como a mais inocente, foi punida com menos rigor, não morre, mas parte para um vida desconhecida toda vestida de negro, uma metáfora de que sua vida será como uma morte.

Considerações Finais: A análise destes dados nos leva a compreensão de que as personagens femininas de Eça tiveram suas vidas mudadas por grandes paixões proibidas que lhes renderam um final trágico: duas tiveram suas vidas ceifadas e outra prosseguiu em vida como se não a tivesse.

Referência Bibliográfica:
Queirós, Eça de. O Primo Basílio. São Paulo: Editora Ática, 1995.
Queirós, Eça de. Os Maias.Rio de Janeiro: Ediouro, 2000.
Queirós, Eça de. O Crime do Padre Amaro.São Paulo: Moderna, 2001.


Este artigo foi escrito enquanto eu era estudante de Letras e apresentado na Semana Cientifica, da Faculdade.

 Adirene é uma das moderadoras do grupo Professores Solidários e corrige trabalhos escolares.
Contatos: adirenemorais@gmail.com



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