No ano de 2014 eu tive uma turma
daquelas mais “especiais” possíveis, todos os dias eu precisava apagar algum incêndio,
ou parar a aula para uma boa roda de conversa. Conversando com a minha
formadora Rosaura Soligo, e com algumas amigas professoras que faziam curso com
ela, recebi a sugestão da professora Vanessa Simas para realizar o jornal de
parede, um instrumento que eu não conhecia.
Nesse ano propriamente não
apliquei essa proposta, mas, em 2015,
com alunos de 5º ano, pude aplicar e obtive resultados muito satisfatórios com
a turma. Foi de fato um momento de muito
aprendizado tanto para os alunos, como para mim. Aprendemos como gerenciar os
conflitos que ocorrem na sala de aula de uma forma muito mais participativa, e
pude ver semana após semana os alunos aprendendo a discutir juntos sobre
atitudes que deveriam ser tomadas,
regras que deveriam ser feitas, e decisões coletivas. A turma aprendeu a se manifestar, exprimir suas opiniões, e exercitar a
democracia (de esperar um momento específico para se falar sobre aquilo) e a
resolver em conjunto os problemas.
O JORNAL DE PAREDE
O que é?
Ele é um instrumento da Pedagogia Freinet, muito rico,
que serve para comunicar ao grupo quatro tipos de assuntos. Pode ser feito como
um panô em tecido, papel ou como preferir, contendo quatro bolsos onde caibam
os papéis para os seguintes temas:
1.CRÍTICAS … escreva neste bolso:
EU CRITICO
2.PROPOSTAS… escreva neste bolso:
EU PROPONHO
3.CURIOSIDADES… escreva neste
bolso: EU QUERO SABER
4.FELICITAÇÕES… escreva neste
bolso: EU FELICITO
Ao lado ficam papeizinhos ao
alcance da criança, onde ela tem liberdade para escrever conforme sua
necessidade, colocando sua mensagem no envelope correspondente.
O Jornal de Parede é aberto uma
vez por semana em roda. Nestes momentos lê-se os papeizinhos de cada envelope
e, o que é mais importante e pertinente, registra-se no Livro da Vida.
Várias propostas vão
surgindo, que são analisadas pela
professora e pelo grupo, surgem também criticas de todas as espécies, que normalmente são desenhadas ou escritas
pela criança (dependendo do seu aprendizado), quando alguém desrespeitou uma
regra de vida ou um combinado. A criança deve sempre deixar claro para a outra
pessoa envolvida que o que aconteceu não a agradou e sempre que ocorrer algo
previamente combinada nas regras da turma, caberá a crítica, como por exemplo,
tirar o brinquedo da mão do colega é desrespeito e não é uma boa atitude. Eu
Proponho é usado para sugerir atividades, brincadeiras, alteração de rotina,
etc. Eu quero saber, costuma ser utilizado quando estamos fazendo levantamento
de saberes para projetos novos, ou em decorrência de uma conversa na roda, por
exemplo. Surgem também os questionamentos em geral, alguns são respondidos no
mesmo momento, outros, principalmente os que podem ser aproveitados para
estudos, viram projetos de trabalho que serão pesquisados e depois de
concluídos serão apresentados para o grupo. Eu felicito, sempre que quero
agradecer ou demonstrar felicidade a uma pessoa ou ao grupo por uma ação
recebida.
Os papéis para serem utilizados
no Jornal de Parede podem ser do tamanho de 1/4 da folha A4. Depois de
resolvido, exposto, discutido é colado no Livro da Vida, podendo servir como
feedback para outros acontecimentos semelhantes, revendo assim as regras de
vida, as curiosidades, as sugestões de trabalho e as felicitações.
Quais os objetivos?
A livre-expressão; o exercício da
cidadania – são crianças cidadãs de direitos e deveres; agregar assuntos ao
cotidiano ou aos projetos em andamento; minimizar o efeito da ira no momento do
mal entendido (já que bater não é uma boa atitude, a criança se expressa
através do desenho ou da escrita); o letramento, a comunicação;
Ele é o instrumento mais importante,
que lida mais especificamente com as questões interrelacionais e os conflitos
entre as pessoas da escola.
Susana Felix
Como Neurocientista Clínico e Psicopedagogo Clínico e Empresarial eu felicito a nobre iniciativa de vincular princípios universais dentro do contexto escolar.
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