segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Jornal de Parede



No ano de 2014 eu tive uma turma daquelas mais “especiais” possíveis, todos os dias eu precisava apagar algum incêndio, ou parar a aula para uma boa roda de conversa. Conversando com a minha formadora Rosaura Soligo, e com algumas amigas professoras que faziam curso com ela, recebi a sugestão da professora Vanessa Simas para realizar o jornal de parede, um instrumento que eu não conhecia.

Nesse ano propriamente não apliquei essa proposta, mas,  em 2015, com alunos de 5º ano, pude aplicar e obtive resultados muito satisfatórios com a turma. Foi  de fato um momento de muito aprendizado tanto para os alunos, como para mim. Aprendemos como gerenciar os conflitos que ocorrem na sala de aula de uma forma muito mais participativa, e pude ver semana após semana os alunos aprendendo a discutir juntos sobre atitudes que deveriam  ser tomadas, regras que deveriam ser feitas, e decisões coletivas.  A turma aprendeu a se manifestar,  exprimir suas opiniões, e exercitar a democracia (de esperar um momento específico para se falar sobre aquilo) e a resolver em conjunto os problemas.

O JORNAL DE PAREDE

O que é?

Ele é um  instrumento da Pedagogia Freinet, muito rico, que serve para comunicar ao grupo quatro tipos de assuntos. Pode ser feito como um panô em tecido, papel ou como preferir, contendo quatro bolsos onde caibam os papéis para os seguintes temas:

1.CRÍTICAS … escreva neste bolso: EU CRITICO
2.PROPOSTAS… escreva neste bolso: EU PROPONHO
3.CURIOSIDADES… escreva neste bolso: EU QUERO SABER
4.FELICITAÇÕES… escreva neste bolso: EU FELICITO


Ao lado ficam papeizinhos ao alcance da criança, onde ela tem liberdade para escrever conforme sua necessidade, colocando sua mensagem no envelope correspondente.

O Jornal de Parede é aberto uma vez por semana em roda. Nestes momentos lê-se os papeizinhos de cada envelope e, o que é mais importante e pertinente, registra-se no Livro da Vida.

Várias propostas vão surgindo,  que são analisadas pela professora e pelo grupo, surgem também criticas de todas as espécies,  que normalmente são desenhadas ou escritas pela criança (dependendo do seu aprendizado), quando alguém desrespeitou uma regra de vida ou um combinado. A criança deve sempre deixar claro para a outra pessoa envolvida que o que aconteceu não a agradou e sempre que ocorrer algo previamente combinada nas regras da turma, caberá a crítica, como por exemplo, tirar o brinquedo da mão do colega é desrespeito e não é uma boa atitude. Eu Proponho é usado para sugerir atividades, brincadeiras, alteração de rotina, etc. Eu quero saber, costuma ser utilizado quando estamos fazendo levantamento de saberes para projetos novos, ou em decorrência de uma conversa na roda, por exemplo. Surgem também os questionamentos em geral, alguns são respondidos no mesmo momento, outros, principalmente os que podem ser aproveitados para estudos, viram projetos de trabalho que serão pesquisados e depois de concluídos serão apresentados para o grupo. Eu felicito, sempre que quero agradecer ou demonstrar felicidade a uma pessoa ou ao grupo por uma ação recebida.

Os papéis para serem utilizados no Jornal de Parede podem ser do tamanho de 1/4 da folha A4. Depois de resolvido, exposto, discutido é colado no Livro da Vida, podendo servir como feedback para outros acontecimentos semelhantes, revendo assim as regras de vida, as curiosidades, as sugestões de trabalho e as felicitações.

Quais os objetivos?

A livre-expressão; o exercício da cidadania – são crianças cidadãs de direitos e deveres; agregar assuntos ao cotidiano ou aos projetos em andamento; minimizar o efeito da ira no momento do mal entendido (já que bater não é uma boa atitude, a criança se expressa através do desenho ou da escrita); o letramento, a comunicação;

Ele é o instrumento mais importante, que lida mais especificamente com as questões interrelacionais e os conflitos entre as pessoas da escola.

Susana Felix 

1 comentário:

  1. Como Neurocientista Clínico e Psicopedagogo Clínico e Empresarial eu felicito a nobre iniciativa de vincular princípios universais dentro do contexto escolar.

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