sexta-feira, 18 de março de 2011

Condições a serem garantidas nas situações em que o professor lê para os alunos

Eu recebi esse texto da minha mentora Daniela Isabel Taipeiro do programa de mentoria que fiz na UFSCAR dirigido a professores iniciantes.

Foi muito importante participar desse programa, pois me deu uma segurança muito grande para arriscar com o novo, quebrar paradigmas que estavam muito enraizados em minha prática pedagógica devido à minha própria formação.

O meu objetivo era aprender como tornar meus alunos bons leitores e produtores de texto. Eram alunos do 4º ano do Ensino Fundamental e além de terem uma escrita muito precária, também não gostavam de ler. O que fazer? Como agir diante de um grande desafio e sendo uma professora iniciante?

A partir das reflexões, do diálogo e orientações que recebi da minha mentora tive um resultado muito significativo. Estarei postando aqui algumas das dúvidas que tinha e as orientações que recebi porque sei que serão úteis para quem está ingressando na carreira como educador.


Susana Felix Paes Corrêa Leite
Professora de Educação Básica da Prefeitura Municipal de Bertioga, Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Institucional


Ler para os alunos

Quando o objetivo é ler para os alunos buscando garantir a semelhança com as situações sociais em que faz sentido ler para outras pessoas, é importante que o professor:

  • Explicite sempre os motivos pelos quais deseja compartilhar a leitura com eles: porque o texto trata de uma questão interessante, porque conta uma linda história, porque é atual, porque está relacionado com um tema original, porque é divertido, porque é surpreendente, porque ajudará a classe a resolver um problema ou uma questão com a qual esteja envolvida.
  • Demonstre que a qualidade do texto é o que motivou a sua escolha como algo que vale a pena ser lido: porque é interessante, instigante ou emocionante...
  • Em se tratando de textos literários, evite escolher aqueles em que “o didático” – a intenção de transmitir um ensinamento moral, por exemplo – supere a qualidade literária, em que o texto é utilizado principalmente como pretexto para ensinar algum conteúdo escolar.
  • Em se tratando de gêneros informativos, evite escolher textos com informações banalizadas, incompletas, distorcidas, simplificadas, supostamente escritas para um público infantil.
  • Compartilhe com os alunos seu próprio comportamento de leitor experiente, mostrando-se interessado, surpreso, emocionado ou entusiasmado com o texto escolhido – relendo certos trechos, sempre que valha a pena ou seja necessário, como a passagem mais surpreendente da história, a parte mais complexa do texto, a questão central da notícia, entre outras possibilidades.
  • Opine sobre o que leu, coloque seus pontos de vista aos alunos e convide-os sempre a fazer o mesmo – quer dizer, aja como qualquer leitor “de verdade”.
  • Ajude os alunos a descobrir o significado do texto a partir do contexto, em vez de ficar explicando a toda hora as palavras que considera difícil.
  • Ofereça elementos contextuais que conferem sentido à leitura e favorecem a antecipação do que o texto diz. Isso se dá quando por exemplo:
  • Comunica aos alunos onde e como encontrou o texto;
  • Mostra a eles o portador do texto: se for um livro, mostra a capa na qual lê os dados (título, autor, editora); se for um jornal, faz referência à seção na qual o texto aparece, procurando-a diante deles; se for uma carta, diz como chegou às suas mãos e a quem está dirigida etc;
  • Oferece informações complementares sobre o texto, o autor, o portador: se o que vai ler é um conto ou um poema, lê também partes do prólogo do livro ou conta dados biográficos do autor, se é uma noticia, faz referência a outras notícias parecidas; se é um texto de uma enciclopédia, pode investigar o que os alunos já sabem sobre o tema.

Enfim, para que o professor possa saber quais são as melhores formas de trazer a leitura para dentro de sua sala de aula como algo atraente e interessante, talvez o critério mais eficaz seja o seguinte; agir com seus alunos como gostaria que seus professores tivessem agido com ele próprio para ajudá-lo a ser leitor interessado e disposto a “enfrentar” qualquer tipo de texto.

Adaptado por Rosaura Soligo e Rosangela Veliago a partir do texto da pesquisadora Argentina Delia Lerner, in Actualización Curricular – EGB – Primer Ciclo. Secretaria de Educación/Direccion de Curriculum. Municipalidad de la Ciudad de Benos Aires.

1 comentário:

  1. Amei. Achei muito valido, pois sou professora nas mesmas condições que vc colocou, assumi pela primeira vez uma sala de ensino fundamental esse ano e ainda apanho bastante. Mas estou amando participar do grupo, e esse texto foi maravilhoso, deixou claro várias duvidas.
    Beijos.

    ResponderEliminar