quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta de um pai aos professores

Esse post na realidade é uma carta de um pai para os educadores, mas ela é tão incentivadora que decidi colocar aqui como post, pois assim muitos colegas poderão ler e responder. Como bem disse Fernando Pessoa "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena."

Prezados Educadores,

Diante de acontecimentos terríveis ao longo dos anos, gostaria de pedir-lhes algo muito importante.

Indiscutivelmente, vocês são um alicerce de extrema importância na vida de várias pessoas. Certamente que nem imagino como se motivam ao trabalho, se por questões pessoais ou por amor à profissão, porque o incentivo e o reconhecimento são poucos ou quase nenhum por parte do governo e da sociedade. Mas mesmo assim, são de extrema importância. “Vocês são valiosos tesouros da cultura comportamental da história humana!”

É por isso que peço ajuda à Deus e a vocês. Tais fatos me entristecem ao invés de revoltar-me. Tenho uma filha e estou prestes a ganhar outra, e tais fatos me tiram o sono. Lembro-me bem que tive excelentes professores e me recordo de palavras de muitos, que levo comigo para o resto da vida. E é justamente isso que peço a vocês.

Por favor, observem seus alunos como se fossem seus próprios filhos. Observe atos comportamentais das crianças e dê atenção aos alunos rejeitados e excluídos, orientando-os para a vida. Sabemos que a cultura educacional de cada família é vasta, e muitas das vezes, precária. Sem falar na degradação da família que existe e aumenta a cada dia. Hoje não é difícil ver tamanha desordem e desagregação de valores na família, mas ainda assim, acredito que é possível fazer a diferença na vida das pessoas com atenção, educação e lições para a vida toda. Sabemos que vocês são para muitos, os únicos que são capazes de ensinar algo de bom na vida deles. Sabemos também que é uma luta gigantesca o trabalho de vocês. Mas acredito que se há algo de bom dentro de seus corações, há possibilidade de fazer a diferença.

As grandes mentes diabólicas do mundo são de pessoas que passaram despercebidas aos olhos dos outros e se afundaram num sombrio mundo de sofrimento e revolta. As coisas que nós seres humanos enfrentamos hoje são terríveis e o único momento onde se é crucial notar tais problemas e doenças é na infância. Mas como notar isso em algumas crianças se a própria família muitas das vezes é a própria causadora de tudo isso? É aí que nossas esperanças são depositadas em vocês, professores. Por favor, levem à sério a importância que vocês carregam. É enorme a responsabilidade que carregam nas costas. Mas ainda assim, acredito em vocês, pois sabemos que o que vocês falam e ensinam, são cruciais, além de importante na formação da personalidade de futuros cidadãos.

Neste breve relato, peço a todos que acreditem no trabalho de vocês e principalmente nas crianças. Peço que atentem para as crianças aparentemente inofensivas, mas que podem carregar um vasto campo de sofrimento e revolta em seus amargurados corações. Não permitam qualquer tipo de “buling” e brincadeiras de mau gosto. Ensinem para a vida! Afinal, vocês são 80 % do caminho do bem na vida de uma criança!

Agradeço a todos a atenção.
Um grande abraço e que Deus proteja e abençoe à todos.

Fabio Ruffo

5 comentários:

  1. O que Sr. Fabio diz na carta, é realmente verdade. Temos que fazer a diferença para estas crianças. Vamos prestar atenção nos alunos apáticos e solitários. Não devemos tolerar jamais, brincadeiras que ofendam.
    Somos realmente guerreiros e com certeza, se escolhemos esta profissão, é por amor e vocação. É a minha opinião. Bjs

    ResponderEliminar
  2. A carta diz realmente o que penso e o que procuro fazer em meu dia a dia como professora.
    Concordo com tudo que está escrito, precisamos observar e tentar ajudar os alunos que com os olhos nos pedem por isso em silêncio.
    Porém, precisamos ver também além do que está escrito.
    Muitos desses comportamentos, desses problemas emocionais e de relacionamento e outros, fogem totalmente ao nosso controle. É necessário a intervenção de um especialista que possa ajudar essa criança.
    Nós, professores, orientamos os pais, encaminhamos o aluno, mas, ou por negligência, ou por ignorância, ou por falta de condições mesmo, esses pais não dão o direito de tratamento ao filho e nós nada podemos fazer ou cobrar.
    Que professora ainda não sentiu esse problema na pele?
    Temos a inclusão, eu apoio essa inclusão, mas, o aluno que tem necessidades especiais precisa, além do convívio na escola, de tratamento especializado e, na maioria das vezes isso não ocorre.
    Quantos alunos sabemos ter algum problema (não conseguimos avaliar porque foge ao nosso conhecimento) e não temos um laudo médico ao menos para nortear nosso trabalho?
    Amo o que faço, tento fazer da melhor forma possível, tento pesquisar, trocar idéias, mas, precisamos de um auxílio de especialista para poder ajudar essas crianças.
    A culpa sempre caí sobre os ombros do professor. Será que ele não notou o comportamento diferente do aluno? Claro que notou, claro que tentou ajudar o aluno, claro que não cruzou os braços..... mas, para poder ajudar, na maioria dos casos, precisa de orientação de um especialista.
    Somos professores, não somos médicos, psiquiátras, psicólogos....
    Há pouco tempo aconteceu um caso comigo que gostaria de relatar a vocês.
    No primeiro dia de aula notei que um aluno tinha um comportamento muito diferente dos demais. Era algo que fugia totalmente do normal. Perguntei a mãe e ela disse que estava tudo bem. Passado semanas me contou que o aluno tomava remédios fortes (tarja preta_) e que ela abandonara o tratamento há muito tempo.
    Durante os dois anos que dei aula para o mesmo vivia pedindo e orientando a mãe a levá-lo numa psicóloga. Ela o levou nos últimos dias de aula (depois de dois anos de pedidos) Me disse: A psicóloga disse que não é caso para ela mas sim para um psiquiatra infantil. Bem, já se passaram cinco anos, o garoto ainda não está sendo tratado.
    Esse é apenas um dos muitos relatos que venho guardando de minhas experiência.
    bjs
    Sonia R Ubeda

    ResponderEliminar
  3. É maravilhoso saber que há pais que acreditam no trabalho do professor e nos valorizam. O mundo atual está proporcionando uma geração em que o ter é primordial e esquece o mais importante, o amor, o pegar na mão, o olhar nos olhos e ajudar no caminho, não caminhando por eles e sim mostrando as possibilidades que existem. Nossas crianças estão carentes desse amor, de atenção.

    ResponderEliminar
  4. O "pedido deste pai" é sem dúvida a preocupação da maioria de nós educadores! É o que temos tentado pregar durante o ano letivo, principalmente no respeito ao próximo! Porém a falta da participação e colaboração da família vem sendo o nosso maior desafio, pois, ela está deixando de fazer o seu papel e passando essa responsabilidade para a escola, dificultando por vezes o nosso trabalho!!
    Seria muito bom se a maioria dos pais dos nossos alunos tivessem esta mesma preocupação como esse pai apresenta em relação ao assunto, quem sabe conseguiríamos evitar que esta violência venha se alastrar! O que não podemos é nos deixar desanimar diante as dificuldades que surgem diariamente!
    Rosana Pascual

    ResponderEliminar
  5. Que maravilha seria se todos os pais fossem comprometidos com a educação como o senhor! Quem me dera que todos os alunos fossem "educados" por professores, família, governo... sociedade. Que TODAS as pessoas se sentissem responsáveis.
    Obrigada pelas palavras de apoio!
    Giovanna M.

    ResponderEliminar