segunda-feira, 4 de julho de 2011

A criança e os nomes próprios

Nada é mais pessoal que nosso nome. É ele que nos identifica, faz com que sejamos reconhecidos, define quem somos, e mesmo que esteja escondido atrás de um apelido, sempre fará parte de nós.

A força do nome nos acompanha é a nossa marca, é por ele que reconhecemos pessoas, nos apresentamos nos lugares, assinamos nossos compromissos.

Essa ligação tão forte que temos com o nome é que faz com que a criança veja sentido em aprendê-lo e iniciar o desafio da aprendizagem.

A escrita do nome parece ser uma peça chave para o início da compreensão e uma oportunidade privilegiada de reflexão sobre o funcionamento do sistema de escrita.
Tanto do ponto de vista lingüístico quanto do gráfico, o nome próprio de cada criança é um modelo estável, tem valor de verdade, dá muitas informações sobre a forma e o valor sonoro convencional das letras, as quantidades necessárias para escrever os nomes, a variedade e a posição das letras em uma escrita convencional.
Como o nome é de memorização rápida, permite a criança estabelecer relações e dá a ela a primeira forma gráfica com estabilidade no processo de aquisição da língua escrita.

Quando escreve o próprio nome, a criança se identifica com ele, o reconhece graficamente e usa-o como fonte de informação para a escrever outros nomes ou palavras.

O nome tem sentido para ela, tem um significado especial, carrega um grande valor afetivo, atribui à criança ser pertencente a um lugar.

Além de representar a criança como pessoa, o nome tem a função social de identificar seus pertences, marcando sua presença e dando a ela a satisfação de pertencer a um grupo.

Na sala de aula

O trabalho com nomes em uma sala de aula é muito rico, pois ao propor aos alunos, por exemplo, que façam uma lista de nomes, o professor está dando-lhes a oportunidade de confrontarem dificuldades, selecionarem letras que já identificam, compararem letras iguais, perceberem dificuldades ortográficas e questionarem dúvidas do processo de aprendizagem.

Para se apropriar do processo de escrita a criança precisa construir respostas para duas questões:

- O que a escrita representa?
- Qual a estrutura do modo de representação da escrita?

A criança, na fase inicial de sua alfabetização, não compreende a escrita como representação da fala e sim como representação do objeto a que se refere. Por isso a escrita do nome é de grande importância para a aquisição e compreensão do sistema de escrita convencional.

As atividades com nomes próprios precisam ir além da montagem de listas ou simples reconhecimento de nomes de colegas ou familiares, é preciso que haja desafios nas atividades para que ocorram situações de conflito quanto à aprendizagem.

A situação de conflito é a oportunidade da interferência do professor, fornecendo dados, questionando, transformando as dificuldades em erros construtivos, levando ao caminho do desenvolvimento e domínio do sistema alfabético de escrita.

Trabalho com nomes em sala de aula
Podemos citar algumas atividades para o trabalho com nomes em sala de aula como:
caça-palavras com os nomes dos alunos da classe, cruzadinhas de nomes, bingo de nomes, montagem de listas de nomes com alfabeto móvel, com ou sem modelo, organização da lista de nomes em ordem alfabética, organização através da última letra, organização de nomes de meninos ou de meninas, contagem de letras em cada nome para comparações como quais têm mais ou menos letras, os que apresentam letras repetidas, os que apresentam letras iguais às de outros nomes, organização de listas pela quantidade de letras, iniciando do que tem mais para o que tem menos letras ou vice-versa e muitas outras atividades.

A cada nova descoberta da criança é preciso que se lance um novo desafio para que ela sinta-se estimulada a continuar a busca pela informação.

As dificuldades devem ser gradativas e possíveis de serem resolvidas para que a criança não só se sinta desafiada como também capaz de soluções.

Numa classe de desenvolvimento heterogêneo a formação de grupos produtivos enriquece o aprendizado, crianças em fases parecidas de desenvolvimento, trabalhando lado-a-lado, faz com que haja uma troca de idéias e possibilita o desenvolvimento do conhecimento.

É preciso que as atividades, para os que já apresentam algum conhecimento sobre o sistema de escrita, apresentem maiores desafios, para isso uma atividade bastante interessante é a criação de novos nomes usando as primeiras sílabas de um e as últimas de outro, por exemplo:

MARTA e LAURA forma MAURA ou RICARDO e GUSTAVO forma RICARTAVO, ou procurar nomes escondidos dentro de outros nomes
MARIANA – MARIA e ANA, ou JULIANA – JULIA e ANA, ou ainda transformar nomes femininos em masculinos
PAULO – PAULA, ou transformar nomes em seus diminutivos
CARLA – CARLINHA, ou ainda transformá-los em plurais
PATRÍCIA – PATRÍCIAs.
Pode-se trabalhar, com os que já apresentam algum conhecimento da escrita, a brincadeira A QUEM PERTENCE?
O objetivo é a identificação dos nomes próprios e a iniciação à leitura.
Material: cartões contendo cada qual o nome de uma criança em letra maiúscula.

As crianças recebem cada qual seu cartão, para aprender a reconhecer seu nome escrito. Isso pode demorar algum tempo. Misturam-se depois os cartões em uma caixa. Uma criança de cada vez retira um cartão. Todos observam e dizem a quem pertence. Continua a brincadeira até que todos os carões sejam retirados e, à medida que forem sendo reconhecidos, cada criança coloca o cartão com o seu nome no peito.

As possibilidades de atividades do trabalho com nomes são muito grandes, têm papel significativo nas classes de alfabetização, porém a competência do professor é fundamental para o desempenho do aluno, pois é ele quem deve propor atividades, desafios e usar da intervenção, dos questionamentos, é preciso que o professor entenda o que a criança pensa e o que vai construindo no processo de escrita, para que a aprendizagem ocorra com sucesso.

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